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Pesquisa pós intervenção – Caminhos da Primeira Infância do Recife

Entender os impactos no desenvolvimento cognitivo e socioemocional, na relação com o espaço público e nos indicadores de saúde voltados à primeira infância após requalificação dos espaços urbanos nas Praças Arari Ferreira, Zé Gotinha (Do Lixo ao luxo), localizadas no bairro da Iputinga, e na praça do COMPAZ Eduardo Campos e seu entorno, no bairro do Alto Santa Terezinha.

Resumo do Projeto

Partindo da ideia de que o lugar ideal para as crianças da primeira infância também é um bom lugar para pessoas de todas as idades, a pesquisa desenvolvida através de métodos quantitativos e qualitativos, esteve baseada em indicadores do Urban95, nos estudos da fase de pré-intervenção nas comunidades e em novos parâmetros importantes para o pós-intervenção entre os territórios.

Para chegarmos ao resultado, utilizamos entrevistas em profundidade com moradores das comunidades, gestores do COMPAZ/Creche e lideranças locais; observação e contagem de frequentadores das praças de todas as idades; além de aplicação de questionários com mais de 300 cuidadores de crianças da primeira infância - moradores das comunidades.

Um e outro território já haviam nos revelado peculiaridades distintas na pesquisa de pré intervenção realizada. No bairro da Iputinga, tínhamos a seguinte realidade no ano de 2019: ruas sem pavimentação, serviços de saúde insuficientes, bastante utilização de bicicletas, narcotráfico que controla a comunidade, pobreza, insegurança alimentar, violência familiar e ausência de uma cultura do brincar na 1a infância. Enquanto no Alto Santa Terezinha: relações de pertencimento com a comunidade, apoio mútuo entre vizinhos, vínculos construídos via Agentes de Paz, baixa utilização do COMPAZ pela 1a infância, infância confinada, suporte de políticas públicas, serviços de saúde satisfatórios e mães adolescentes. Já em comum entre os dois espaços, tínhamos: perfis socioeconômicos diferentes dentro da própria comunidade, tráfico de drogas, abordagem policiais agressivas, ausência de espaços de lazer, avaliação negativa de creches/escolas (públicas e privadas), famílias monoparentais (mães), avós como cuidadoras e amamentação entre 4 e 6 meses.

Ao voltarmos ao campo com a pesquisa pós realização de ações e intervenções e entrega de equipamentos, ressaltamos os seguintes achados no Alto Santa Terezinha, diante da necessidade de resumo: forte senso de coletividade; difícil separar o sentido de família e vizinhança (52,9% mora na comunidade há mais de 25 anos. O vizinho é um familiar e mesmo que não seja, cuida como se fosse); pessoas que se reconhecem no outro; e boa convivência – avaliada muito bem como um dos aspectos mais (72,9% para indicações bom e muito bom). No campo do comportamento parental e familiar, por sua vez, os seguintes dados vieram à tona: mães como cuidadoras principais; famílias compostas de 3 a 5 pessoas (69,5%), normalmente o(a) companheiro(a) (61,3%) e o(s) filho(s) (81,1%) do(a) entrevistado(a); uma (41,9%) ou duas crianças (34,3%), sendo a maioria da 1a infância (67,6%) - filtro para a pesquisa; participantes cursaram o ensino médio (58,1%), ainda que não tenha concluído; alto índice de pesquisados sem ocupação/desempregadas (64,8%) frente aos trabalhadores formais e informais (23,8%); e renda média de até um salário mínimo (47,6%) ou não tem rendimentos médio (31,9%).

Já na Iputinga, a seguinte perspectiva se confirmava quanto à percepção da vizinhança: vizinhança com relação harmônica, porém distante (cada um mais na sua. A convivência com os vizinhos é bem avaliada - 68,2% para indicações bom e muito bom); segregação entre as comunidades do bairro; ausência de associações/lideranças fortes; forte exposição ao narcotráfico; falta de oportunidades de desenvolvimento das crianças; baixa percepção de que o bairro melhorou nos últimos 3 anos (33,6%. De todo modo, as melhorias aconteceram na infraestrutura, lazer e segurança); e referência perdida e saudosa da “Iputinga - bairro dos artistas”. Já no que tange o comportamento parental/familiar: relacionamentos conjugais conturbados que afetam o comportamento e desenvolvimento das crianças; apenas mães como cuidadoras principais (ausência da figura paterna); famílias formadas por 3 ou 4 pessoas (65,5%) sendo o(a) companheiro(a) (57,4%) e o(s) filho(s) (75,0%) do pesquisado; média de um (60,0%) ou dois filhos (26,4%), sendo a maioria da 1a infância (77,8%); muitos entrevistados cursaram o ensino médio (60,9%) tendo, a maior parte desses, concluído (38,2% do total); mais pessoas com trabalho formal/informal (46,4%) do que sem ocupação/desempregados (41,8%); e renda familiar de até um salário mínimo (47,2%) ou sem rendimento médio (38,0%).

Importante ressaltar alguns dos pontos perseguidos no desenho da pesquisa: o impacto da chegada das praças na qualidade de vida dos moradores das comunidades; o perfil e as tendências comportamentais dessas famílias; as relações afetivas dentro das casas e com a vizinhança; as condições de moradia, saúde, educação, segurança, hábito do brincar e relação criança e cuidador; o modo de utilização das praças.

A pesquisa envolveu moradores das comunidades da Iputinga e do Alto Santa Terezinha, com o cuidado de abordar entrevistados na fase de pré-intervenção, além de famílias com crianças que moram próximas aos locais requalificados e outras cadastradas em atividades relacionadas à primeira infância.

Ficha Técnica

Idealização e revisão: ARIES

Contratados:

- Empresa ANIMA e agentes de paz como pesquisadoras de campo para a aplicação de questionários.

Parceiros:

COMPAZ Eduardo Campos no bairro do Alto Santa Terezinha e Creche Casinha Azul no bairro da Iputinga.

Equipe Técnica

Galeria do Projeto

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Galeria Comparativa