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Projetar, ocupar e brincar

A disciplina propõe repensar as estratégias de planejamento a partir do fazer-ocupar das famílias trabalhadoras e do fazer-brincar das crianças, grupos socioespaciais da ocupações urbanas da Izidora. Assim, por meio de práticas pedagógicas próximas às metodologias ativas de aprendizagem, exploraremos as perspectivas que compõe esses processos de produção social do espaço, observando suas premissas, estratégias e resultados.

Resumo do Projeto

[Partida] Enquanto um método de investigação a pesquisa-ação busca, originalmente, a mudança transformadora por meio do processo simultâneo de ação e pesquisa que estão interligados pela reflexão crítica coletiva. Método que se vale de ciclos de etapas, cada uma das quais é composta por um fluxo de planejamento, ação e averiguação, e que parte de uma situação social concreta a modificar. Destacam-se dois caráteres fundamentais, o formativo e o emancipatório. O primeiro, já que o sujeito precisa tomar consciência das transformações que correm não somente no processo, mas em si próprio. O segundo, os sujeitos da pesquisa passam a reorganizar sua auto concepção de sujeitos históricos

[Fundamento] Ao mirarmos a utopia burguesa, e sua produção social do espaço, temos o estado como agente mandatário do território, a dicotomia metrópole-colônia como visão de futuro; projeto e ciência como ação de futuro; exploração, expansão, espólio e extermínio como ação no presente. Tomando de especulação uma utopia proletária e seu contexto de resistência-insurgência, teríamos a classe trabalhadora como agente mandatário do território, a garantia da moradia-subsistência como visão de futuro; ocupação e comunidade como ação de futuro; ação direta como ação no presente. O exercício especulativo se torna impossível se pensarmos a criação social do espaço a partir de uma perspectiva de criança, veja, não uma minha ou sua, mas de fato como crianças se entendem e se articulam no espaço.

[Contexto] O Projeto ganha nova forma ao se tornar um ensaio sobre estratégias de planejamento urbano, ao se questionar como considerar as crianças ao construirmos a cidade e ao se interessar em como incorporar esse público no planejamento da Região da Izidora. Se a PBH e a ONU estão trabalhando em um Pro-Izidora e mesmo assim a PBH despejou entulho no campinho ocupado e criado pelas crianças, como poderíamos pensar em um plano que seja pró Izidora e que não exclua ou expulse as crianças do espaço e sua produção, pelo contrário, as convide e acolha no processo. Mas ingressar em uma ocupação sendo membro de uma instituição como a UFMG cria assimetrias de poder difíceis de serem reequilibradas. As intenções nesses contextos podem gerar especulações e expectativas. A curiosidade sobre o pensamento espacial enquanto atividade cognitiva cresce enquanto ampliação do Projeto seguia para a proposta de uma articulação entre extensão-ensino universitário.

[Ferramenta] A Diretoria de Ação Cultural da UFMG organiza a Formação Transversal (FT) em Culturas em Movimento e Processos Criativos, tomando a cultura como espaço de atuação estratégica no projeto político-acadêmico da universidade. Os componentes dessa formação transversal devem estabelecer modos de experimentação, criação e discussão acerca das artes e das culturas de forma a articular extensão, ensino e pesquisa, assim como investir na formação cultural, artística, cidadã e crítica dos estudantes. Em específico um pressuposto da FT fundamental para esse Projeto é: “a diversidade das culturas e suas práticas, compreendendo seus processos criativos e sua dimensão patrimonial”. Há, com isso, um giro de perspectiva. Se antes a intenção era trabalhar com as crianças da Ocupação Vitória, mas me percebo incompetente, o trabalho agora se volta aos meus pares estudantes ainda em formação, mas não só da arquitetura, como todas as interessadas no tema.

[Objetivos] Tendo como objetivo geral de valorizar as visões de mundo e as perspectivas das crianças na produção social do espaço, o Projeto ainda considera como objetivos: tratar crianças como sujeitos de direitos e pessoas competentes; compreender da produção social do espaço pelas crianças; e imaginar e criar a partir dos sonhos e desejos das crianças. Este processo de aprendizagem fora centrado na interação das estudantes com as crianças. Por consequência, foram menores os tempos de aula expositiva e maior a dedicação em estudos e pesquisas; seminários e debates; apropriação de ferramentas e procedimentos; processos de identificação e observação; reflexão sobre a produção do espaço na perspectiva infanto-juvenil das crianças moradoras das ocupações da Izidora.

Equipe Técnica

  • Matheus Soares Cherem
  • Tiago Lourenço
  • Izabella Lourenço
  • Paula Cristina

Galeria do Projeto

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Galeria Comparativa