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Parque Sonoro: Experiências de processos participativos com crianças na CEI Indir Parque São Domingos

O Parque Sonoro é um projeto que surgiu de uma demanda da instituição CEI INDIR Parque São Domingos, cujo objetivo era a construção de um espaço de brincar. Sendo estruturada uma metodologia participativa na qual as crianças em conjunto com integrantes do laboratório conseguiram contribuir mediante a trocas sobre como elas se relacionam com o espaço e os objetos dispostos. Essa metodologia foi aplicada por meio de oficinas de observação e montagem do espaço.

Resumo do Projeto

Parques Sonoros apresentam diretrizes de estimular a percepção auditiva no cotidiano da Educação Infantil, propiciando trocas de experiências e informações em coletivos; inserir a criança como protagonista da vivência, explorando o lúdico, a escuta e a sonoridade no mundo, embasada na ressignificação de materiais do cotidiano e dos espaços, a exploração dos sons e a importância da arte nos fazeres da Educação Infantil. O projeto desenvolvido pelo LaPaisa (Laboratório de Pesquisa da Paisagem) da Universidade Anhembi Morumbi a partir de uma demanda apresentada pela instituição CEI INDIR Parque São Domingos – Centro de Ensino Infantil conveniada indireta, que está localizada no distrito de São Domingos, na região noroeste da Cidade de São Paulo. A implementação do projeto leva como referência os parques sonoros que fizeram parte do Programa São Paulo Carinhosa (Decreto n° 54.278/2013), coordenado por Ana Estela Haddad durante o governo de Fernando Haddad (2013 - 2016).

A proposta engloba experiências além da sonora, possibilitando observar como ocorre o brincar das crianças, sua delimitação de tempo, espaço e objetos, bem como interagem com o imaginário e o corporal em conjunto com a realidade externa. Em vista disso, deseja-se a produção desse espaço para a colaboração do desenvolvimento dessas crianças, estimulando a segurança, confiança e oportunidade para o aprimoramento das relações sociais e intelectuais, mas também entendendo os diferentes usos do espaço e objetos.



Geralmente ao trabalhar com a primeira infância é proposto contato com o adulto “cuidador” que "traduz" as informações sobre a criança, considerada incapaz de expressar suas necessidades e anseios. Resta à criança a condição passiva quanto ao projeto do espaço “feito para ela”. Contrariando esta lógica, o processo de observação participante com os alunos foi fundamental no desenvolvimento do projeto. Sendo assim foram desenvolvidas oficinas de observação e interação com os pequenos, partindo do quão importantes eles são nestes espaços, e procurando estabelecer de quais maneiras eles participaram no desenvolvimento do projeto.

Compreendido que parte dos alunos do Centro de Ensino, que foram incluídos no processo de participação, estão entre faixa etária de 1 a 4 anos e ainda não conseguiram verbalizar seus anseios, imaginou-se outras maneiras de dialogar com os estudantes, já que eles se expressam por intermédio de diversas linguagens, seja por gestos, expressões corporais, plásticas ou mesmo verbais. Esta percepção foi fundamental para viabilizar o projeto participativo que foi realizado por meio de oficinas.

Procurou-se entender a percepção dos alunos sobre espaço livre disposto a partir de atividades com o uso de brinquedos não estruturados como principal mediador das atividades propostas, utilizando equipamentos capazes de oferecer descobertas sobre si, seu meio e sobre o coletivo, considerando dados como idade, espaço, materiais e finalidades. As oficinas aconteceram em um dos espaços no qual as crianças já realizavam suas atividades e onde o projeto do Parque Sonoro foi proposto.

O resultado das oficinas revela a necessidade de compreender, dentro de suas particularidades, a criança como sujeito completo e ativo no espaço. Ou seja, os pequenos são capazes de compreender e intervir em seu entorno, indicando relações que olhos desatentos dos adultos podem não perceber.

A disponibilidade de Materiais Livres na área da oficina configurou um cenário interessante do ponto de vista de estudo, pois inserir elementos do cotidiano indicava que as crianças brincariam imitando usos tradicionais desses objetos. Entretanto, esta expectativa não foi atendida em muitos casos: uma panela foi usada tanto para “cozinhar” quanto como instrumento sonoro, assento, entre outros usos. Compreendeu-se então, que estas crianças não estavam imitando adultos, mas se relacionando entre seus pares, criando vínculos e se relacionando com o espaço enquanto se descobriram como pessoas.

Um dos aspectos mais potentes desta experiência foi a constatação da faixa etária das crianças como um dado que revela mais do que se poderia imaginar. No caso da CEI, embora todos estejam na primeira infância, os pequenos intervalos de idade entre as turmas dos participantes, de apenas 6 meses, tornou-se uma característica acentuada.

Observou-se que os períodos que parecem curtos na vida de um adulto, se caracterizam por picos de desenvolvimento, em que o desenvolvimento infantil se dá de forma rápida para parâmetros de adultos. Deduziu-se que ao pensar e projetar um espaço com e para a primeira infância, este projeto deve abranger diferentes usos, podendo ser ocupado coletiva ou individualmente, e, principalmente, permitir formas diferenciadas de apropriação, considerando que os estágios de desenvolvimento infantil apresentam demandas próprias. O projeto se encontra em fase de desenvolvimento, tendo sido interrompido em decorrência da pandemia da Covid-19.

Ficha Técnica

Colaboradores - LAPaisa: Amanda Gomes, Ana Karina Araújo, Elane Lopes, Hulda Wehmann (Coordenadora), Isabella Baroni, Larissa Almeida, Larissa Soares, Marina Spinola.
Colaboradores - CEI Indir Parque São Domingos: Bruna (Diretora) , Carla (Coordenadora), Jair (Montagem da estrutura de bambu), professoras e alunos das turmas B2, MG1AB, MG1CD MG2A, MG2B do ano de 2019.

Equipe Técnica

Galeria do Projeto

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Galeria Comparativa