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Pé de chuva

O “Projeto Pé de Chuva” propõe a investigação da interação da natureza com o ambiente urbano construído, a partir da observação e registro dos caminhos da chuva na cidade, possibilitando aos participantes do projeto maior apropriação do território explorado e comunicação lúdica entre eles, sem necessidade de interação presencial. Os registros deixados na cidade transbordam, atingindo também os transeuntes do território explorado.

Resumo do Projeto

O Trilhares é um coletivo que realiza ações no território urbano com crianças e jovens, com foco no exercício do Direito à Cidade e buscando práticas que vão na contramão do consumo, da alienação e da apatia contemporânea.

Em 2021, com o prolongamento da pandemia da Covid-19, decidimos adaptar nossos projetos para o atual contexto, abandonando a espera de um futuro semelhante ao mundo pré-pandêmico e vivenciando o presente, explorando as possibilidades desse momento.

O “Projeto Pé de Chuva”, com previsão de execução no segundo semestre de 2021, é resultado desse desafio. Ele propõe a investigação da interação da natureza com o ambiente urbano construído, a partir da observação e registro dos caminhos da chuva na cidade, possibilitando aos participantes do projeto maior apropriação do território explorado e comunicação lúdica entre eles, sem necessidade de interação presencial. Os registros deixados na cidade transbordam, atingindo também os transeuntes do território explorado.

A realização do projeto acontece por meio de encontros virtuais, caminhadas e brincadeiras pelo território, marcação do caminho da chuva com stencil e placas e registros fotográficos/vídeos. Ele pode ser experienciado por grupos de crianças, jovens ou adultos de qualquer idade. Apresentamos a seguir a proposta desenvolvida para a primeira infância (crianças entre 4 e 6 anos e seus cuidadores).

O Projeto se inicia com o recebimento de um kit, composto por stencil, spray e plaquinhas. A explicação sobre o uso do material é feita durante o primeiro encontro virtual, no qual apresenta-se a proposta do projeto como um todo, estabelecem-se combinados, prazos e encaminhamentos e acontece a primeira interação entre o grupo.

Após o primeiro encontro, as crianças e seus cuidadores realizam caminhadas no território em dias sem chuva, com o propósito de imaginar quais são os possíveis trajetos percorridos pela água pluvial. A brincadeira se concretiza com o registro do sentido do fluxo da água imaginada em ruas, calçadas, muros e outras superfícies lisas com stencil e plaquinhas em superfícies porosas.

A ideia é que as crianças guiem os adultos nessa caminhada e que eles estejam abertos para ouvi-las e observar o território sob a perspectiva do pequeno cidadão. Ao mesmo tempo, os adultos também conduzem as crianças, relembrando constantemente a pergunta orientadora - quando chove, por onde a água corre? - e surpreendendo-se com as descobertas compartilhadas.

A brincadeira investigativa é uma troca entre as crianças e seus cuidadores, que podem discutir hipóteses e negociar quais delas serão registradas na cidade. Nesse processo, os cuidadores são convidados a considerar e registrar uma ou mais hipóteses improváveis indicadas pelas crianças (caso elas ocorram), se propondo a acompanhar o processo de descoberta dos pequenos.

Um novo olhar e relação com o espaço urbano é possibilitado durante essas experiências, ao ressignificar caminhos cotidianos, perceber camadas de acontecimentos no mesmo espaço, detalhes nunca antes distinguidos, diminuir a velocidade de deslocamento e considerar a própria presença no território como uma vivência única.

O segundo encontro virtual acontece após realização dessas primeiras caminhadas. As intenções do encontro são compartilhar e aprofundar a experiência vivida por cada criança, relacionando-a à experiência dos outros participantes, fomentar a interação entre eles e encaminhar a próxima etapa.

A conversa é mediada pelo Trilhares, a partir da apresentação de algumas fotos e vídeos enviados pelos participantes, que tornam visível os percursos e descobertas individuais, e instigando conversas sobre o que cada criança e cuidador percebeu como os prováveis caminhos da chuva.

A próxima etapa é lançada com a seguinte pergunta: “quais são os sinais de que a chuva está chegando?”. A resposta a essa pergunta convoca os sentidos (audição, olfato, visão) a orientar o planejamento da tão aguardada caminhada em dia de chuva. Momento em que as hipóteses, registradas no território, poderão ser confirmadas.

Durante a caminhada na chuva, além de averiguar as hipóteses, revisitando as marcações, a brincadeira continua ao serem identificados outros caminhos percorridos pela chuva, não imaginados anteriormente.

Ao final do processo, os registros feitos por cada participante durante as caminhadas (antes e durante a chuva) são transformados em vídeo pelo Trilhares que é apresentado durante o último encontro virtual. O “Projeto Pé de Chuva” se encerra com a conversa sobre a experiência vivida e o convite de repetir a brincadeira em mais e mais territórios, caçando marcações de outros participantes e ampliando sua relação com a cidade.

Equipe Técnica

Galeria do Projeto

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