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Teko: Abrigo Ancestral

Localizado na aldeia indígena Tekoa Pyaú, o projeto conta com infraestruturas de apoio para a comunidade. A proposta prevê uma escola e áreas externas para atividades práticas, pois na cultura Guarani todos os espaços fazem parte da aprendizagem: a mata, a casa de reza, a roça, o rio. As crianças aprendem não só dentro da sala de aula, mas também em todos os locais da aldeia. Assim, todos os espaços e infraestruturas existentes fazem parte do cotidiano de aprendizagem e se complementam entre si,

Resumo do Projeto

"A infraestrutura proposta para a aldeia abrange: um centro comunitário, onde a comunidade pode realizar suas práticas culturais, receber visitantes, expor seus costumes, modo de vida, artefatos e realizar a venda do seu artesanato, auxiliando na economia e geração de renda; o setor artesanal, onde as peças artesanais são produzidas; o setor de saúde, para atendimento médico e odontológico básico inicial; o anfiteatro, utilizado para apresentações culturais; o setor de apoio, com baterias de chuveiro que dão apoio ao campo de esportes e também à comunidade (que não possui chuveiro nas casas), além de sanitário, dormitórios, uma copa e uma lavanderia coletivas; o refeitório, utilizado tanto pela escola como pela própria comunidade em dias de festa e comemorações coletivas e a escola de ensino infantil e fundamental.

A escola se divide em 3 blocos, além do bloco do refeitório. O primeiro bloco é o administrativo, com sala de professores, secretaria e sanitário, além da biblioteca e sala de informática. No segundo bloco ficam as salas de aula da educação infantil, com sanitários. E, no terceiro bloco ficam as salas de aula do ensino fundamental. As salas de aula são divididas por portas de correr, possibilitando unir duas salas de aula ao abri-lás. Cada bloco de sala de aula também possui um longo beiral em sua fachada, formando uma aconchegante varanda, onde as crianças podem brincar e as mães podem permanecer sentadas enquanto esperam seus filhos. Também foi prevista uma área de ampliação para uma possível construção de um terceiro bloco, caso exista a necessidade de mais salas de aula ou para acrescentar as salas do ensino médio.

A proposta também prevê áreas externas como uma horta, ligada ao refeitório, onde as crianças podem aprender práticas de plantio junto à escola e consumir os alimentos cultivados por elas mesmas, um parquinho para brincadeiras infantis, um bosque sombreado para descanso e lazer, um campo de esporte junto à uma área de arquibancadas e a composteira, para onde são destinados todos os resíduos orgânicos do refeitório e transformados em adubo.

Além da horta e da composteira, a proposta adota outras estratégias sustentáveis, como banheiros secos, que geram adubo e fertilizante através da compostagem da matéria orgânica; a cisterna, que coleta as águas das chuvas e as reutiliza nos vasos sanitários, na irrigação dos jardins e na limpeza das áreas coletivas; o filtro de bananeiras que trata as águas cinzas provenientes dos preparos da cozinha, lavagem de roupas e banho, que acabam gerando alimento, nesse caso, a banana; e o telhado verde aplicado nos primeiros blocos para auxiliar na absorção da água das chuvas e no conforto térmico. As alternativas sustentáveis englobam vários dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030, da ONU.

A ideia é que os visitantes e turistas também possam participar de oficinas de artesanato, música, dança, idioma e cultura Guarani, que acontecem em todos os espaços da proposta arquitetônica, como uma forma de gerar mais renda e auxiliar na economia da comunidade e manutenção do seu modo de vida.

Todos os edifícios propostos possuem materialidades presentes no local e que já fazem parte da cultura construtiva da comunidade, como o barro, a palha e a taquara. Isso não só reduz os custos da construção, como também gera um senso de pertencimento em todos os envolvidos. Outro fator decisivo foi priorizar um método construtivo no qual a comunidade pudesse participar da construção de todos os blocos propostos, por isso a técnica construtiva adotada foi a taipa de pilão.

Ainda no processo de projeto, buscou-se alternativas para incluir a participação das crianças na criação do espaço da escola, para entender o que elas esperam desse espaço. Assim, elas foram instigadas a responder a pergunta: “o que a escola significa para você?”, que ocasionou muitas risadas e brincadeiras, entretanto, as respostas fornecidas por eles demonstram que percebem a importância deste espaço de aprendizagem em seu cotidiano e a descreveram como um lugar de: aprender, brincar, ler, escrever, desenhar e estudar.

Também foi solicitado, para as crianças, que desenhassem sua “escola ideal”, como uma forma de nos aproximar do olhar dos pequenos usuários sobre o espaço que ocupam diariamente. No momento em que pedi para que fizessem o desenho, antes que pudesse lhes entregar as folhas de ofício, todas as crianças saíram correndo em direção à única torneira presente em meio a área externa, para lavar as mãos antes de desenhar. Em seguida, correram para suas casas e voltaram com livros e cadernos nas mãos para usar como apoio. Então, pegaram seus lápis de cor e se sentaram todos juntos em um monte de britas, para realizar a tarefa.

Observando os desenhos, notamos que todas as crianças desenharam suas escolas com o telhado triangular em duas águas, reforçando o aspecto construtivo das edificações que possuem dentro da sua própria aldeia.

Ficha Técnica

Projeto desenvolvido para o trabalho final de graduação
Universidade: Instituto Federal Farroupilha - Campus Santa Rosa
Ano: 2022
Aluna: Amanda Schneider Senger
Orientadora: Drª. Fabiana Bugs Antocheviz - arquiteta e urbanista
Coorientador: Me. Valter Antônio Senger - engenheiro civil

Equipe Técnica

  • Amanda Schneider Senger
  • Fabiana Bugs Antocheviz
  • Valter Antônio Senger

Galeria do Projeto

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